Saúde? A escolha também pode ser sua!

06-08-2019

Passados 10 anos a trabalhar como médica de família, sinto que o nosso papel está a mudar... cada vez mais acredito na importância de capacitar o utente para gerir a própria saúde, ajudando-o a entender que tem a possibilidade e responsabilidade de influenciar a sua saúde amanhã, com as escolhas de hoje. Esta semana dizia a um utente: "poderei ajudá-lo a viver até depois dos 80 anos, mas a qualidade de vida que poderá ter, com autonomia e vitalidade, estará muito relacionada com o estilo de vida que escolher e não tanto com os medicamentos que lhe prescrevo e que controlam a sua doença crónica".

Dará trabalho ter saúde? Certamente, mas também o sucesso na saúde segue a premissa que, sem trabalho, não serão tão extraordinários os resultados. Encontrar sentido no investimento em si, parece-me a melhor das motivações. Acredito que o modelo paternalista, em que os médicos fazem escolhas pelos utentes, já não é suficiente. Mantenho a responsabilidade pelas decisões técnicas, mas não pretendo fazer escolhas pelos meus utentes, a menos que mo peçam ou demonstrem total incapacidade para o fazer. Planeio envolvê-los sempre, considerando as suas crenças, fragilidades e desejos, confiando que é neste respeito pelo seu ritmo de mudança que conseguiremos verdadeiros ganhos em saúde. Sinto que neste processo de negociação e decisão partilhada estamos a aumentar os conhecimentos em saúde dos utentes, capacitando-os para serem os primeiros a identificar a desinformação na saúde, que pode levar a medicação ou exames desnecessários.

E se neste texto, que pretende ser pouco paternalista, houvesse espaço para algumas recomendações, eu diria: Cuide de si! Cuide do que come, do que pensa, do que sente, cuide do seu sono e descanso e cuide do seu corpo - Mova-se! Não importa se corre ou se caminha, no ginásio ou ao ar livre, importa que faça algo com que se sinta bem. Depois de qualquer atividade física sentimo-nos mais leves, com mais energia, bem-dispostos, mais despertos, menos ansiosos, com mais vitalidade. Sentimo-nos melhor e esse é o poder de qualquer exercício: criar saúde física, emocional e mental.

E lembre-se que as nossas crianças aprendem com o que nos veem fazer e não com o que lhes dizemos para fazer. Extraordinária esta responsabilidade e oportunidade.

         Cristiana Sousa

          Médica de Família

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