Rosácea
Resumo
A rosácea é uma doença vascular inflamatória da pele que afeta sobretudo a região central da face. A causa não é completamente conhecida, embora esteja associada a diversos fatores hereditários e ambientais. A identificação e evicção de fatores que desencadeiam ou agravam os sintomas é fundamental para o seu tratamento.
Rosácea
A rosácea constitui uma doença inflamatória crónica da pele, caracterizada por eritema (vermelhidão), telangiectasias dilatadas (pequenos vasos visíveis), pápulas, pústulas e nódulos (borbulhas). Acomete principalmente a zona central da face, incluindo nariz, bochechas, testa e queixo, mas também pode surgir no tronco, pescoço e couro cabeludo.
Estima-se que afete, em todo o mundo, cerca de 40 milhões de pessoas.
Apresenta uma evolução crónica, caracterizada por episódios de remissão e recorrência, tornando-se mais intensa na ausência de tratamento.
Afeta principalmente adultos entre os 30 e os 60 anos, sendo mais prevalente em mulheres. Contudo, apresenta-se numa forma mais severa nos homens, com envolvimento frequente da pele do nariz. Tendencialmente as peles claras são mais afetadas.
Qual é a causa da rosácea?
Apesar de permanecer desconhecida, a sua origem parece resultar de um conjunto de fatores hereditários e ambientais. Existe uma predisposição individual para a rosácea e em cerca de 30% existe história familiar, sugerindo uma possível contribuição genética. O aumento de ácaros microscópicos nas glândulas sebáceas denominados demodex folliculorum parecem constituir um fator contributivo para a pele com rosácea.
Foram identificados inúmeros fatores responsáveis pelo agravamento da rosácea, entre os quais, a exposição a temperaturas ambientais extremas, o vento, a exposição solar ou mudanças climáticas rápidas. Alguns aspetos relacionados com os estilos de vida também poderão agravar as lesões, nomeadamente, a ingestão de álcool, cafeína, alimentos condimentados, refeições quentes ou a prática de exercício físico intenso. A relação entre o agravamento da rosácea e alguns alimentos apresenta grande variabilidade individual, pelo que é importante que o próprio doente identifique esses alimentos de modo a evitá-los.
O stress psicológico e a ansiedade também podem constituir agravantes da rosácea.
Como se manifesta?
Inicialmente, ocorre eritema discreto na face que resulta da dilatação dos vasos sanguíneos superficiais. Progressivamente, a vermelhidão torna-se permanente e surgem derrames na pele, as telangiectasias. Podem ocorrer episódios de flushing facial em que ocorre rubor associado a sensação de calor e ardor. A doença tende a evoluir por surtos de duração variável em que ocorre um agravamento das lesões de forma espontânea ou por exposição a fatores desencadeantes.
Alguns casos cursam com o aparecimento de lesões inflamatórias como pápulas, pústulas e nódulos (borbulhas), semelhantes às lesões de acne, dificultando, não raras vezes, a sua distinção.
O rinofima corresponde a uma variante exuberante da rosácea, em que ocorre um aumento marcado e irregular das dimensões do nariz por desenvolvimento de glândulas sebáceas. Atinge sobretudo os homens e pode envolver outras zonas como as bochechas e pavilhões auriculares.
Em metade dos casos, a rosácea apresenta atingimento ocular. Surgem sintomas de ardor ocular, olho seco e vermelho e blefarite (inflamação das pálpebras). Estas manifestações merecem avaliação por um oftalmologista.

Como se diagnostica?
O diagnóstico é feito com base na história clínica e num exame cuidado da pele realizado pelo seu médico. Não existem meios complementares específicos para o diagnóstico de rosácea. Eventualmente, em casos em que persista dúvida no diagnóstico, poderão ser necessários exames como a biópsia de pele para exclusão de outras doenças com manifestações semelhantes.
Qual é o tratamento?
O tratamento da rosácea visa o controlo da inflamação e depende do seu subtipo. Habitualmente são usados medicamentos antimicrobianos e anti-inflamatórios de aplicação local (cremes e loções) ou oral. É recomendado o uso de produtos de higiene específicos e adequados à pele com rosácea. A melhoria do aspeto da pele pode demorar semanas. Na ausência de resposta ao tratamento inicial a utilização de tratamentos de laser também poderá ser considerada. O rinofima também é uma indicação para laser.
Contudo, o tratamento não é curativo, sendo que a doença cursa habitualmente com uma evolução cíclica em que ocorrem períodos de exacerbação com agravamento dos sintomas.
O tratamento médico deve ser complementado com medidas gerais que previnem o aparecimento ou agravamento dos sintomas.
Apesar de se tratar de uma doença benigna, as formas mais graves da doença estão associadas a um grande impacto na autoestima e na própria qualidade de vida dos doentes.
Como prevenir os sintomas?
- Utilize água morna na lavagem do rosto, limpando suavemente a pele, evitando esfregar vigorosamente;
- Não use produtos agressivos para a pele, nomeadamente contendo álcool ou acetonas;
- Se optar por usar maquilhagem para encobrir a vermelhidão facial, deve escolher produtos oil free;
- Evite a exposição solar direta ou por longos períodos e aplique diariamente um creme com proteção solar e renove a sua aplicação ao longo do dia;
- Evite bebidas quentes, refeições muito condimentadas ou alimentos que associe ao agravamento da rosácea;
- Modere o consumo de cafeína e álcool;
- Evite a exposição a temperaturas climáticas extremas ou mudanças súbitas de temperatura. Banhos quentes, sauna e banho turco são desaconselhados.
Conclusão
Embora seja uma doença benigna, a rosácea tem uma evolução crónica que cursa com episódios de surtos e remissões. A identificação de fatores agravantes é fundamental para a sua prevenção.
Referências recomendadas
- AAD: American Academy of Dermatology. Rosacea. Washington: AAD; 2018 - https://www.aad.org/public/diseases/acne-and-rosacea/rosacea
- National Rosacea Society - https://www.rosacea.org/physicians/edumaterials.php
- ABC da Saúde - https://www.abcdasaude.com.br/dermatologia/rosacea
- Rosácea - SBD - https://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/rosacea/62/
- Atlas da Saúde - https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/rosacea-0
