Máscaras na comunidade - uma nova etapa na luta contra a Covid19
A utilização comunitária de máscaras é um tema que tem vindo, há algumas semanas, a ser debatido na opinião pública e entre os vários órgãos nacionais, europeus e até mundiais. No dia 13 de abril, a Direção-Geral da Saúde foi ao encontro das recomendações do Centro Europeu para a Prevenção e Controlo das Doenças e alargou a recomendação do uso de máscaras à comunidade.
Estando previsto, para breve, o fim do Estado de Emergência nacional, é expectável assistirmos a um retorno gradual à vida normal. Mais pessoas na rua, nos supermercados, nos transportes públicos, nos postos de trabalho. Contudo, o novo coronavírus ainda não está controlado e a infeção COVID19 é e será uma realidade ainda por bastante tempo. Assim, temos de aprender a viver com ela.
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A utilização de máscara é, a par do isolamento e distanciamento sociais (que, apesar de tudo, são, ainda, fundamentais), da higienização das mãos e da etiqueta respiratória, uma medida adicional que terá de começar a fazer parte do nosso quotidiano. E não apenas para pessoas com maior risco, como os idosos ou doentes crónicos (que, à partida, deveriam manter-se na segurança do domicílio como até agora). Não apenas para esses, mas para todos nós.
O planeamento de uma saída do domicílio irá ter de incluir, desde logo, a colocação da máscara, que mais do que proteger individualmente, permite a proteção das pessoas em redor. Nos transportes públicos, por exemplo, que são espaços fechados de pequenas dimensões, será uma medida fundamental.
Outro exemplo claro, onde esta proteção é essencial, é sempre que frequentarmos espaços públicos no geral, como supermercados, farmácias e qualquer tipo de estabelecimento comercial. Algumas atividades profissionais, como o atendimento ao público, são situações de maior risco, pelo contacto próximo entre pessoas e pela transmissão de bens de mão para mão. Aqui, além da utilização de máscara, as medidas de higienização frequente das mãos são essenciais, quer por parte dos funcionários como por parte dos clientes. Se se optar pela utilização de luvas, essas deverão ser substituídas de cliente para cliente.
Os benefícios desta proteção são já claros, mas importa notar que a utilização de máscaras deve ser cuidada e criteriosa, evitando-se o seu desperdício e a utilização incorreta. As máscaras não têm uma vida útil longa; as descartáveis são de utilização única e não devem ser manipuladas. Por outro lado, as máscaras artesanais, se forem de qualidade adequada e cumprirem critérios de certificação, são reutilizáveis, devendo ser frequentemente lavadas, no sentido de reduzir o risco de transmissão da doença. A utilização comunitária (em espaços públicos) de máscaras artesanais é benéfica, sendo recomendável a utilização por períodos curtos, apenas para as saídas essenciais, com necessidade de lavagem após cada lavagem (as condições podem mudar consoante o material mas a lavagem a 60ºC com detergente parece ser consensual). Nenhuma máscara que esteja com algum defeito ou molhada é eficaz, pelo que não devem ser usadas nestas condições.
O nosso dia-a-dia das próximas semanas e meses irá mudar. Uma realidade para a qual ninguém estava preparado mas com a qual temos de lidar, no sentido de a ultrapassar com o menor dano possível para as pessoas e para a sociedade. A utilização de máscaras é fundamental, mas reforço que deve ser entendida como uma medida adicional ao distanciamento social, higienização das mãos e cuidados de etiqueta respiratória.
Pedro Sousa
Médico Interno de Medicina Geral e Familiar