As crianças e o tempo de ecrã
Nos dias que correm, facilmente uma família pode ter em casa mais de 10 ecrãs, entre televisões, computadores, telemóveis e tablets. Quando a frequência e a intensidade de utilização são excessivas, correm-se diversos riscos que abrangem desde a saúde até ao desenvolvimento psicossocial das crianças e jovens, com influência negativa sobre o sono, a aprendizagem e a memória. O relacionamento interpessoal e social também poderão ser afetados, além de favorecer a inatividade, condicionando o surgimento de doenças como a obesidade, diabetes e problemas de postura.
Mas será possível manter uma relação saudável com estes meios de tecnologia? O acesso é cada vez mais inevitável, o que obriga a procurar outra direção - como usá-la de maneira saudável? Tudo depende do modo como é utilizada.
É necessário estabelecer limites. Os especialistas aconselham que crianças entre os 0-2 anos não devem ser expostas a equipamentos eletrónicos de qualquer género.
Crianças entre os 3-5 anos podem ter contacto com telemóveis, tablets ou jogos eletrónicos apenas durante uma hora por dia, visualizando apenas programas de elevado valor educacional. Os pais deverão ver os programas com as crianças para os ajudar a compreender o que estão a ver e aplicá-lo ao mundo real.
As crianças dos 6-8 anos podem, no máximo, ter duas horas de contacto e à medida que a idade vai avançando pode-se aumentar o tempo, mas deverão ter limites bem estabelecidos e consistentes e os pais devem assegurar-se que esse tempo de exposição não interfere com a atividade física, sono, alimentação ou estudo.
Os pais devem sempre monitorizar os conteúdos a que a criança tem acesso. É importante a comunicação e educação continuadas sobre regras essenciais de cidadania e segurança online, assim como o diálogo frequente sobre a necessidade de manter o respeito e as regras de educação e convivência, quer online quer offline.
Entre a rotina de escola, banho, alimentação e sono, é preciso haver tempo para outras atividades, como brincar (dentro e fora de casa) e conviver com a família.
Crie áreas da casa livres de ecrã e privilegie os momentos em família!

Maria João Barbosa
Médica de Família